sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Medo I - Capítulos 07 ao 13


CAPÍTULO 7

Os meninos ficaram arrumando as mochilas de cada um.

- Ei, gente. Eu trouxe mais cerveja. – Diego disse, sacudindo a mochila dele.

- Falem baixo, afinal, se a mãe da Christina escuta isso, nos mata!! – Josh lembrou que estava na casa dela.

- Tem razão! – Diego concordou.

- Tem lençol pra todo mundo? – Justin checava uma lista que fizeram para controlar e organizar as coisas.

- Tem... Onde vocês colocaram as barracas de Camping? – Nick perguntou.

- Na minha casa. A gente passa lá antes de ir. – Josh disse.

- Joey!!! Vem ajudar!!! – Chris reclamou do amigo. Ele examinava fotos de Christina na escrivaninha dela.

- Tô indo!!! – percebia quão linda aquela amiga era.

Nick exibiu-se para os demais.

- Olhem... – ele mostrava duas camisinhas que trazia dentro da carteira.

- Ah, Nick!!! Vai 'pegar' a Jessica lá não, né? – Josh perguntou, rindo.

- Não sei, cara! Vai que rola...

- Cê fala isso e nunca rola!!! – Joey riu, sarcástico.

- Agora ela está dado uns sinais que tá afim!!! – Nick riu, com um pouco de vergonha.

- Mesmo cara!??? – Josh perguntou, curioso. – Ô se fosse comigo!!!

- Mas não é!! – Nick riu.

- Ahhh... e você fica e a gente sobra, é? – Chris zombou.

- Contanto que ninguém toque na Jully!!! – Diego falou.

- Hummm... – todos riram.

- Eu acho que eu tô louco por ela, cara!!!

- Pode investir! A Jessica me disse que ela tá na mesma por você. – Nick animou o garoto.

- Ah, não brinca, cara!!!

- Aêêêê... Diego, desenrola a garota ainda esse fim de semana. – todos riram.

- Sério! – Nick balançou a cabeça.

- E tem mais gente apaixonada nessa roda de garotas, viu? – Josh disse.

- Quem? Quem é a outra? – Justin perguntou.

- A Brit.

- Por quem? – Nick perguntou.

- Acho que ela tá apaixonada pelo Jason.

- Pelo Jason??? – Joey berrou. – Nenhuma das garotas vai namorar esse cara!!!

- Você precisava ver ele dançando com a Luanna ontem. – Nick falou.

- Com a Luanna??? – Josh berrou.

- Eu não acredito, cara!!! Ela vai me ouvir hoje. – Joey falou.

- Ei, não se meta com a Luanna, tá bom? – Justin disse.

- Não vou me meter... acontece que ela não devia se engraçar pra ele!!! – Joey explicou-se.

- Tá afim dela, Justin? – Nick riu.

- Ora, gente!!! Ela é minha melhor amiga. Sinto que devo protegê-la!! E ela não se engraçou pro lado dele, não!!!

- Mas dançou com ele... – Nick repetiu.

- Humpf... – Justin resmungou.

- Mas... e aí, cara?? Não rolou nada ontem, não? – Chris perguntou, malicioso.

- Qué isso, cara! – ele riu. – Claro que não!!! Cês não a viram de toalha como eu vi!!! – ele riu.

- Ahhhh – todos riram. – Sabia que aí tinha coisa!!!

- Que isso!! Ela é minha amiga!!

- Mas é gata!!! Assim como as outras!!!

- Ihhh... deixem a Jessica fora dessa lista de gatas!!! Ela é MINHA gata! – Nick ordenou.

- Assim digo o mesmo da Jully! – Diego falou, sorridente.

- Ah, tá!... – e continuaram a colocar as coisas nas mochilas.

***

As garotas chegaram assim que eles terminaram de contar as coisas do acampamento secreto no colégio. Alguns ainda zombavam de Diego quando elas entraram no quarto.

- Gente, o colégio vai mesmo ser fechado amanhã! – Christina deu a notícia.

- Ótimo... então está combinado!! Amanhã a gente sai de casa às sete da noite, se encontra na frente da casa do Josh e se manda pro colégio. IMPORTANTE: ninguém pode saber, tá? – Nick repetia.

- Ok! – responderam. Mentiriam pros pais, dizendo que iriam dormir nas casas uns dos outros.

- Gente... já que terminamos, vou sair com o Nick! – Jessy disse.

- Tá, meu bem. Vamo! – Nick saiu rindo. Os outros logo riram atrás dele.

- Lu, o que você vai fazer a respeito do que houve com você ontem? – Brit perguntou.

- Não sei... Acho que vou ficar em casa por hoje, pra esquecer!

- Eu te faço companhia! – Christina disse.

- Vamo ver um filme lá na tua casa? – Britney falou.

- Legal... a noite? – Diego perguntou.

- Pode ser... assim não fico sozinha!!! – Luanna respondeu.

- É... – Chris concordou. – Eu levo as bebidas!

- Vai ser legal. – Josh disse. – Deixa que eu aviso a Jessy e ao Nick.

- Tá... espero vocês hoje lá!! As oito e meia!!

- Iremos! E eu já estou indo. – Josh disse, levantando-se. Chris também.  – Você vem agora, Diego?

- Não... estou indo depois. Vou na casa da Jully pegar uns livros para o exame de Segunda-feira. – Diego falou, rindo.

- Tá bom...

- Eu vou agora também. – Joey levantou-se. Deu tchauzinho pra todo mundo e saiu com o Josh e Chris, pulando a janela do quarto de Christina.

- Ei, quem leva o filme? – Britney perguntou.

- Quem teve a idéia? – Christina riu com Jully.

- Tá, eu levo.

- Ei, Justin... tá quieto aí! – Luanna perguntou, baixinho.

- Não... só estou pensando.

- Em quê?

- Nada não!!!!

- E aí, Jully? Vamo na tua casa pegar o livro? – Diego parecia ansioso.

- Ah, vamo!!! Tchau, galera! – Jully se levantou.

- Tchau. – as meninas riram.

Os dois saíram conversando, sendo alvo de fofocas no quarto.

***

- Ih... sou o único homem no meio da mulherada!!! – Justin deu sinal de vida.

- E aí, Justin? Vai continuar sozinho pro resto da vida? – Brit perguntou.

- Anh? – ele fingiu que não escutou, mas pôde perceber o olhar em falso de Luanna pro chão.

- Vai ser o solteirão da turma??

- E quem mais da turma arranjou namoro além do Nick... e do Diego? – ele riu.

- Realmente... a coisa anda preta! Precisamos desencalhar você, o Chris, o Joey e o Josh!

- Ei... – Christina quis falar, mas foi interrompida por Justin.

- Não preciso que ninguém me desencalhe... – ele riu. – Eu faço isso sozinho.

- Vamo mudar de assunto? – Christina propôs.

- E você? Também tá encalhada, né? – ele riu.

- É... e sempre estarei!! – Britney baixou a cabeça.

- Ah... não fica assim, não! Você é tão legal... vai arranjar um que preste!!! – ele falou para levantar o astral dela. – Sei que o Jason não é pra você!!!

- Quem te disse sobre o Jason?? – ela se surpreendeu.

- Ora, dá pra perceber, né?

- Ai, meu Deus!! Quem mais sabe???

- Todos...

- Ih... Mas eu nem gosto muito dele!!!

- É melhor mesmo!! Ele não presta!! – Justin continuou.

- Estar sozinha não é tão ruim... eu estou sozinha porque não achei alguém que me completasse. – Christina discursou.

- As vezes ela está onde você menos espera!!! – Justin deitou no colo de Luanna.

- Que pensamento!!! – as duas surpreenderam-se. Luanna não. Sentiu uma ponta de que foi tocada por aquilo que ele disse.

- Isso foi uma indireta, Justin? – Christina perguntou. 

- Bem, gente... acho que já vou! Vou me preocupar com amanhã!!! – Britney levantou-se e largou a almofada que estava agarrando.

- Ei, eu também vou. – Justin se levantou. – Hoje eu vou ao supermercado com a mamãe!!! – ele riu. – Tchau, vocês. Tchau, Lu!

- Tchau, Justin. – elas disseram.

Luanna olhou para Christina. Ela riu:

- Notei algo com o Justin no ar?!?!?!

- Algo no ar???

- Não minta, Luanna!

- Ah, sei lá!!! Estamos se dando tão bem como nunca.

- Sempre se deram. Por que não rola nada?

- Sei lá!!!

- Hum...

Luanna e Christina ficaram jogando videogame até a hora do almoço. Ela ficara pra almoçar na casa de Christina.

***

Britney caminhava cantando quando pelas ruas de Oxford, saindo da casa de Christina. Aquilo que Justin dissera fazia sentido; ela acreditava que iria encontrar um cara que a merecesse. Ela só temia que demorasse muito. Até aquela idade, ela era mais uma dos que se apaixonaram pelos caras errados, sempre.

Caminhava sonhadora, quando se encontrou com as Black Girls. Tentou sair de perto delas, mas Nieve e Melanie a cercaram.

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CAPÍTULO 8

- Posso ir embora? A rua é pública!!! – Britney falou, furiosa. Culpava as Black Girls pelo ocorrido no quarto de Luanna. Alguma coisa a dizia que Amanda tinha algo a ver com aquilo.

- Ah... – Nieve sorriu para Melanie.

Amanda surgiu por trás delas, sorrindo. Seus cabelos negros davam uma ênfase ao seu estilo gótico aterrorizante.

- Credo, Amanda!!! Você sempre surge assim: por trás de seus guarda-costas, feito uma vampira com esse cabelo despenteado??? – Britney quis provocar as três, corajosa.

- Vai rindo... vai rindo!!! – Melanie tirou sarro.

- Por que essas ameaças, Amanda? Por acaso você anda fazendo magia com a gente? – ela levantou o nariz, encarando a líder das três bruxas.

- Do que está falando??! – Amanda perguntou, sendo seguida de um sorriso de Britney.

- Ora!!! Quer fazer suspense? Mas por que tudo isso? Já sabemos que foi vocês!! Mas por quê? Ainda pensa naquele teste pras garotas de torcida que você perdeu??? – Britney riu. Tirou sarro daquela aventura no passado, sem saber que havia tocado na ferida de Amanda.

E ela ficou furiosa, mandando que Melanie e Nieve liberassem o caminho de Britney.

Britney saiu, com um sorriso cínico no rosto. Quando estava longe, as outras duas estranharam a amiga pedir pra liberar a loira bonita sem brincar com ela primeiro.

- Ô, Amanda!! O que houve!? Nem uma magia, nem um sustinho...?? – Melanie perguntou, curiosa.

- O que houve, Amanda? Não está se sentindo ameaçada por ela não, né? – Nieve também perguntou.

- Não... nem lembro mais desse teste!! – mentiu Amanda, sorrindo. – Mas há algo de estranho no ar! E dessa vez, não fui eu que usei magia!

***

Luanna perdeu pela segunda vez consecutiva pra Christina numa fita de luta. Fazia pouco tempo que tinham almoçado. Max, o pequeno yorkshire de Christina, latia alto enquanto Christina ria de Luanna, nervosa por perder para a amiga. Christina ria dela, provocando-a para jogarem outra. Luanna se levantou, jogando o joystick na cama.

- Você não sabe ganhar... – Luanna se desculpava, olhando-se no espelho. O short que vestia amassou de tanto se mexer para ver se ganhava no game.

- E você não sabe perder!!! – Christina ria dela, deitada no sofá, com os pés pra cima, encostados na parede.

- Ah!!! – ela virou o rosto. Mexeu nos cabelos lisos, escorregadios.

- Vem, vamo fazer outra coisa. – Christina levantou-se, passando a olhar-se no espelho também. A saia pregueada que usava também estava amassada.

- Christina! Telefone, filha!!! – gritou a mãe dela, da cozinha. As duas olharam-se.

- Já vou, mãe!!! – Christina berrou do quarto. – Volto já! – disse para Luanna.

Luanna não respondeu, observando-se no espelho grande do quarto de Christina. “Algo com o Justin!” – ela pensava no que Christina perguntara. Sim, tinha algo com o Justin. “Um tipo de amizade...” – Luanna pensava, passando a mão na barriga faminta, baixando a blusa que descobria o umbigo.

***

Christina saiu, pensativa. Quem seria? Algum dos amigos? Passou a desejar que fosse sim, um deles. “Aquele...” – ela pensava, lembrando-se do rosto daquele que ela ficou pensativa depois de um sonho. Seu coração palpitou ao encostar-se ao aparelho. Não dava pra adivinhar porque não tinha o identificador de chamadas. Chegou junto ao sofá da sala, sentou-se e atendeu, com a sua melhor voz:

- Alô? – ela até sorriu.

- Prometo fazer do Halloween de vocês um inferno!!!  – disse do outro lado, uma voz diferente. Christina percebeu que ela estava modificada, com algum tipo de aparelho.

- Quem está falando? – Christina perguntou, curiosa.

Aquela voz a deixava aflita. Fazia temer aquilo que dissera. Era diferente, artificial, mas tinha algo ruim relacionado a ela. A voz assustara aquela menina. O telefone foi desligado. Ela mal pudera ouvir direito a voz, não podia sequer adivinhar quem seria.

Christina o largou, rapidamente, com repúdio. Correu para o quarto, cheia de calafrios. Luanna nem percebera a reação da amiga.

- Acho que vou pra casa... – Luanna falou, sem observar aquela loira magricela.

- ... – Christina nada dissera, perdida nos pensamentos.

- Christina... – Luanna virou-se para onde a amiga estava. Observou que ela estava longe, mas aflita. – Christina?!?! – Luanna foi até ela.

Christina estava gelada, paralisada. Luanna assustou-se. Nunca vira a amiga naquele estado. Christina estava trêmula. Luanna perguntou de novo, tentando acorda-la. Ela conseguiu somente falar o nome da amiga.

- Lu... – a sua voz saía, temente, aflita.

- O que foi???! – Luanna se desesperava, querendo saber o que houvera.

- O telefone... – Christina conseguiu soletrar outra palavra.

- O que houve??! Quem era no telefone, Chris!?!?!? – Luanna sentou-a na cama, procurando ajuda-la.

- Luanna... o Halloween… – ela falava, trêmula. A voz a assustou, ela sentia algo ruim. Algo muito ruim. 

- Christina!!!!! Você está branca! O que houve, pelo amor de Deus!?!

- Lu...

- Christina, telefone outra vez!!! – sua mãe gritou de novo, da cozinha.

Luanna a olhou. Christina abriu os olhos, assustada. Luanna moveu-se para trás, mas foi segurada por Christina.

- Não... – Christina tentava impedir a amiga de andar para atender ao telefone.

Luanna apenas a observou, tentando saber o que assustara a amiga a ponto dela ficar sem palavras. Ela caminhou para trás, tentando se livrar das mãos de Christina. A loira magricela levantou. Mas não teve forças para segurar nos braços torneados de Luanna. Ela foi em direção ao telefone, com toda a raiva do mundo. Luanna agarrou o fone, levou-o até ao ouvido, e escutou:

- Não adianta, Luanna! – disse a voz, grossa, deformada. Luanna assustou-se. Sentiu aquele pressentimento ruim sobre aquela voz. Como se algo muito ruim a movesse, a fizesse falar.

- Quem é você? – Luanna perguntou, encucada. Achava que se tratava da sombra. A mesma que bagunçou seu quarto e matou seus peixes; a mesma que fez seus pais culpa-la.

- Isso não importa!!! – disse aquela estranha voz, repetindo o mesmo tom de maldade. O telefone foi desligado.

- Alô?? Alô!!!!! – Luanna tentava em vão falar com aquela voz maligna. Ela também ficou aflita, mas, diferentemente de Christina, ela também sentia raiva. Não tinha condições de pensar em nada, nem de tentar descobrir o que era. Apenas pensava em tais vibrações ruins que aquilo deixara nas duas.

Christina apareceu na porta da sala. Olhou para Luanna. Estava pensando a mesma coisa que ela. Luanna era corajosa. Conseguiu juntar o que tinha se passado naquele momento.

- Vem comigo, Chris... – ela puxou a amiga pela mão, antes mesmo de revelar quem era.

- Aonde vamos? – aquela garota amedrontada resistia na sala.

- Procurar quem quer que tenha ligado!!! “Ele” está por perto!!! Como adivinhou que fui eu que atendi ao telefone???

- Como assim, Luanna!??

- Chris... assim que atendi, ele falou meu nome! Como soube?? Ele está por perto... observando a gente!!! – Luanna falou, sem notar que aquela frase amedrontaria as duas. Ela caminhou em direção a porta. Christina a interrompeu.

- Você é louca, Luanna!!??!?! – ela parou a amiga na porta da frente da casa dela.

- Vem, Christina Summers!!! Vou com ou sem você!!!

Luanna abriu a porta, rapidamente, procurando com o olhar algo que não sabia, ao redor da casa de Christina. Nada. Nenhum sinal do que tivesse telefonado pra elas. Ela saiu pro terraço, caminhando devagar. Christina saiu até a porta, quieta. Olhou em volta antes de por o pé fora. Luanna caminhava pelo jardim dos Summers. Olhava ao redor da casa, tentava encontrar alguém, algo, alguma coisa suspeita. Alguma coisa ao redor da casa da amiga. Christina a observava, preocupada.

Um carro encostou próximo de Luanna. Ainda andava quando ela virou-se, para ver quem era.

- Oi, Luanna!!! – Jason falou.

Luanna o olhou, observadora. Caminhou até a porta do carro dele. Christina observava tudo de longe. Encostou-se e falou:

- Jason, você está com seu celular por aí com você?

- Não... deixei o meu em casa!!! – ele respondeu. – Por quê?? – perguntou.

- Nada não... só pra saber! – Luanna sorriu.

- Quer o número? – Jason perguntou, com sedução na voz, sorrindo. Tocou nos dedos de Luanna, encostados na porta.

- Qué isso!!! – ela reclamou, puxando a mão. – Fica longe. – Luanna falou, olhando séria pra ele.

- Qualé, Luanna!!! Você sabe... nem todas tem essa chance!!! – ele esnobou.

- Poxa, Jason... você é horrível! – Luanna saía da porta do carro dele.

- Então dá o número pra alguma das suas amigas!!! Elas são gatas!!! Sabe que, se você não quer... algumas delas querem!! É o que todos falam!!!

- Ah, é??? – Luanna ria, com cinismo, de costas para Jason.

- A Britney é demais de gata!!! E sei que ela gosta de mim! 

- Não precisamos de seu número... – Luanna se afastou mais. Olhou pra trás. – Ah... quanto a Britney, está enganado. Ela tem alguém sim, mas é outro menos porco que você! – Luanna mentiu, caminhando até Christina.

- Mesmo assim, fica com o número. Quem sabe você também queira ligar!? – Jason ligou o carro, e jogou um cartãozinho pela janela, saindo logo depois.

Christina aproximou-se, pegando o cartão.

- Joga isso fora! – Luanna pediu, caminhando, e espiando ao redor.

- Não mesmo... se ele voltar a ligar, saberemos o número. – Christina disse.

- Mas na sua casa não identificam chamadas!!!

- Mas e quem sabe ele não liga pra dos outros?

- Acha que foi ele!?

- Apareceu primeiro, não é???

- Tem razão! – Luanna guardou o cartãozinho. – Temos que falar com os outros!

- Temos que contar pra eles! – Christina concordou.

- O que você sentiu?? – Luanna estava curiosa. Queria saber se ela era a única que tinha sentido aquilo quando falou com a voz.

- Eu... me assustei... ele falou no nosso Halloween... que iria acabar com ele... sei lá!

- Ele também disse algo como “Não adianta, Luanna...” – ela falou.

- Luanna!!! Seu pai no telefone! – a mãe de Christina, D. Shelly Summers, chamou-a.

- Já estou indo, tia Shelly!!! – ela gritou. Vem... – Luanna puxou a amiga. – Vamos entrar.

Luanna entrou na casa de Christina, com a amiga atrás. Sentou no sofá, pensando ainda na voz do telefone. Aliviou-se de saber que ao menos tinha certeza que era mesmo seu pai, já que D. Shelly havia reconhecido a voz dele. Atendeu ao telefone, imaginando a voz acolhedora do pai tirar-lhe o medo e a insegurança.

- Pai?? – ela falou sorrindo. Seu pai respondeu com voz grave, autoritária, raivosa.

- Luanna!!! – ele berrou. – Você trouxe um rapaz aqui ontem???

- Pai??? – Luanna estranhou. – Que rapaz??? – ela procurou não falar nada para não piorar, pois imaginava a raiva que o pai estava sentindo.

- Não minta!!! – ele berrou. – Eu achei a prova no seu banheiro... como você...?? – ele tentava falar. Luanna ouvia a mãe falando do lado dele.

- Meu Deus!!! Pai, posso ir pra casa!!! A gente conversa aí!!! – Luanna dizia, sem reação. Christina olhava.

- Espero mesmo!!! – e desligou, falando mais baixo, mas ainda muito bravo.

- Chris... vou pra casa! Descobriram algo sobre o Justin lá ontem!!! – Luanna disse, um pouco preocupada.

- Nossa, Luanna!! – Christina se preocupou. – Quer que vá com você?

- Não! Não precisa!! Ele está furioso! – Luanna tentou sorrir. – Fala com o pessoal lá, e marca pra hoje a noite, em outro lugar! Acho que ele vai proibir qualquer coisa lá em casa!! Pelo tom dele...

- Boa sorte, Luanna! – Christina acompanhou a amiga até a porta.

Luanna foi para casa, tentando arrumar seus pensamentos. Uma desculpa para seu pai. Uma razão para os telefonemas.

***

Justin chegou em casa cansado. Sabia que não devia ter corrido com Josh até o campo depois do almoço. “Isso é coisa de louco!”, ele pensava enquanto trancava a porta do quarto dele. Aquele cantinho azul escuro o fazia lembrar-se do quarto de Luanna. As paredes eram repletas de fotos dos amigos, e da amiga. Até que o dele era um quarto organizado, com bola de basquete numa rede baixa, próximo a cama do rapaz. Um abajur ao lado da cama, em cima de um criado-mudo, clareava o lugar a noite, antes de ele dormir, enquanto escutava música no walkman.

Um espelho grande refletia a imagem dele quando estava deitado na cama. Ao lado, uma escrivaninha, com seu computador, e vários livros. Alguns recortes de jogadores de futebol dos seus times preferidos enfeitavam a porta do seu armário, rodeando uma foto dele e Luanna, sorrindo, num parque, quando crianças. Justin melhorava de qualquer doença, ou esquecia qualquer problema quando olhava praquela foto. Ele nunca a tirava dali.

A barriga roncava de fome. Um lanche depois do almoço cairia bem. Foi na cozinha procurar algo pra comer quando o telefone tocou:

- Alô? – ele atendeu, mordendo um sanduíche que sua mãe preparou pra ele.

- Justin, cara... corre pra cá pra casa da Christina!!! – uma voz nervosa falava ao telefone. – Mataram o Max!!! – Nick tentava falar, com alguns cortes por causa do celular que usava.

- O quê? O Max??? – Justin não entendeu direito.

- É... – Nick repetiu. – Cara... tá horrível!!! Ele... ele morreu vomitando... algo!

- Cara... – Justin fazia cara de nojo.

- Tenta falar com a Luanna!!! O pai dela atende e não passa pra ela! Acho que ela está de castigo!! – Nick desligava.

- Meu Deus!!! – Justin procurava o que pensar, vestindo a camisa e saindo de casa.

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CAPÍTULO 9

Luanna se desesperava na cama. Como Nick previra à Justin, seu pai havia a colocado de castigo durante todo o Sábado. E ela sabia que os amigos estavam telefonando pra ela, embora não pudesse atendê-los. Ela estava completamente isolada de qualquer aparelho eletrônico. Estava sozinha de novo.

***

Britney correu pra casa de Christina quando soube da morte de Max. Sabia que a amiga era apaixonada pelo filhote de yorkshire, mas foi pra lá principalmente para contar o que tinha acontecido no encontro dela com as Black Girls. Aquela turma de amigos já não sabia o que fazer. Nick sabia que tinham que se reunir mais uma vez, comentar tudo o que estava acontecendo, procurar uma razão lógica cabível para aquilo. Mas a turma não estava completa. Justin havia chegado a pouco dizendo que Luanna não podia sair de casa, e que não iria ter mais filme a noite. Nem tinha clima mais para isso. Christina contou a versão dos telefonemas pra elas, de como Luanna desconfiou de Jason, de como a voz as amedrontou. Todos já sabiam pelo menos que Jason era suspeito, assim como as Black Girls. Joey reclamava:

- Eu falei!!! Eu sempre falo... Mas alguém me escuta??? NÃO!!! – gritava. – Foi o Jason... – ele falava mais baixo, para aqueles sentados próximo a cama de Christina.

- Toma, Chris!!! – Britney entrava com um copo de água. A mãe de Christina, claro, achou que o cãozinho faleceu naturalmente, e ninguém explicou para ela sobre o que acontecia. Deixou as “crianças” sozinhas no quarto da filha e fora cuidar da casa.

- Meu... meu cachorrinho!!! Era tão pequenino e indefeso... quando eu chego, ele está lá... deitado no chão, morto... meu cachorrinho!!! – Christina chorava.

- Tem que haver uma razão, cara!!! – Josh falava baixo no ouvido de Justin.

- Sei lá... – Justin se preocupava com Luanna. – Só mexeram com as meninas. Será que são as Black Girls?

- É o Jason!! – Joey continuava, irritado, nervoso por ver Christina daquele jeito.

- Mas... – Britney entrava na conversa.

- Essa história de bichinhos de estimação que morre não tá me cheirando bem!!! – Chris disse. Jully agarrava-se a Diego.

- Vamo fazer alguma coisa!!! – Jessica acalmava Christina, sentada ao lado dela, na ponta da cama.

- Só pode ter sido o Jason!!! – Joey dizia.

- Peraí, Joey... a gente não tem certeza! – Nick dizia, tentando melhorar as coisas. 

- E cadê a Luanna, meu Deus? – Britney perguntava.

- Foi minha culpa... – Justin disse, baixo.

- Gente... mas nós não vamos acabar o nosso Halloween por causa disso não, né? – Jessica lembrou-se.

- Alguém está tentando sabota-lo! Isso é óbvio! – Josh analisou. – Não podemos deixar assim!!! – irritou-se, ao lado de Joey.

- Ah, gente não vai acabar a festa, vai?!? Depois de arrumarmos tudo!?! – Nick pedia.

- Buáááááááááá... meu cachorrinho!!!!! – Christina chorava alto.

- Não fica assim, Chris! – Jully consolava.

- Não!! A gente não cancela a festa. Só espero que a Luanna possa ir, né? – Chris disse, quieto.

- Temos que nos reunir para comentarmos isso! Todos devemos estar juntos! Nem que precisemos sequestrar a Luanna! – Josh foi sistemático.

- ... – Justin riu nervoso, achando aquilo divertido.

- Amanhã podemos reunir, pela tarde! Vamos deixar a poeira baixar... – Nick ordenou. – Tenta falar com a Luanna! – ele apontou pra Chris. Talvez seria mais fácil ele falar do que Justin.

E aquela turma de amigos ficou consolando Christina até a hora do jantar.

***

Luanna caminhava de um lado para outro no quarto. Já tinha tentado ler duzentos livros empilhados por seu pai na escrivaninha, mas tudo ficava mais quieto, e a deixava nervosa. Lembrava-se do telefonema, da voz... a sombra... os peixes. O fato de estarem tentando entrar em contato com ela a deixava mais preocupada. E de estar no mesmo lugar que na noite passada encontrou revirado a deixava louca, como se fosse a vítima voltando ao lugar do crime.

Sua mãe lhe trouxe um sanduíche, intocado em cima da escrivaninha. Parou de andar. Sentou-se na cama, pensativa, juntando as peças do quebra-cabeça. Sua mãe bateu na porta.

- Luanna...

Ela não respondeu.

- Filha!!! – Dona Jane destrancou a porta do quarto da filha, fechada pelo marido.

- Mãe... – ela encostou-se na cama.

- Filha... vim ver se precisava de alguma coisa! – ela sorriu.

- Mãe... pode acreditar em mim?! Preciso de confiança! E preciso sair desse quarto!!!

- Filha... – D. Jane franziu a testa.

- Se não querem acreditar em mim, tudo bem! Nada aconteceu... mesmo assim!!! Estou com a consciência limpa!!! – Luanna sentou-se na sua cama. Podia escutar a televisão do pai no andar de baixo.

- Filha... Por que ele estaria aqui... e dormiu aqui... sem cueca, Luanna!!! – D. Jane reclamou.

- Mãe, eu já expliquei. O Justin me ajudou!!! Vocês não quiseram acreditar em mim. Eu não revirei meu quarto! Não matei os peixes... Ele me ajudou. Estava com medo de dormir aqui de novo!! – Luanna reclamou, aumentando o tom de voz.

- Luanna... nos dê um tempo!!!

- Mãe! Deixe-me falar com alguém! Só preciso de um telefonema!

- Luanna... ouviu bem a nossa decisão!

- Decisão, mãe!!! Que decisão!? Vocês só fizeram disso aqui um cárcere! Dos piores! Nem direito a telefonema aos “familiares” eu tive!!! – ironizou Luanna, deixando sua mãe nervosa.

- Se você quer usar esses métodos, não é minha culpa! – ela caminhou até a porta.

- Mãe... – Luanna perdeu contato com aquilo que seria sua chance. – Merda! – ela xingou o nada que estava seu quarto.

Luanna se levantou. Olhou pela janela, avistou Luan lá em baixo. Jogou o sanduíche pra ele. Preocupou-se com os amigos. Pensou em Justin. Aquele sim é que era um amigo. Deitou-se na cama de novo. Luanna ainda podia sentir o cheiro dele no travesseiro. Ela sabia que Justin faria tudo por ela. Ela também faria tudo por ele. Ele não era motivo de desconfiança dos pais. A culpa tinha sido da vizinha fofoqueira, que estava horrorizada com a cena de Luanna colocar Justin dentro de sua casa, a noite. “Como se o Justin e eu...” – Luanna pensou, fazendo-a sorrir. “Não seria tão ruim assim...”, ela riu, maliciando.

Os pais eram extremamente ocupados. Luanna praticamente fora criada sozinha. Isso a levara a praticar atos que, como consequências, fizeram seus pais perderem parte da confiança nela. Como no dia em que ela quebrou sua própria perna. Luanna lembrava-se daquilo com certa culpa. Por causa disso seus pais não acreditaram nela. Mas Justin sim. Justin era especial. Justin era seu melhor amigo. “Justin!...”  – Luanna suspirou, deitada na cama.

***

- Vamos ao supermercado, filha! Fique aí dentro. – O pai de Luanna disse, do lado de fora do quarto.

- ... – ela nada respondeu.

Ouviu a porta da frente bater. Notou que a porta do quarto estava destrancada. Desceu as escadas, esperou o carro sair da frente de casa para assim pegar no telefone.

- Justin... – ela falou, assim que escutou a voz doce do amigo, cumprimentando-a.

- Pelo amor de Deus, Luanna... o que houve aí na sua casa!? – Justin dirigia, voltando da casa de Christina.

- Justin... – Luanna lacrimejava. – Não quero falar agora! O que houve!? Cês tentaram ligar pra mim!? Estou... preocupada!! – ela cortou a voz por suspiros longos.

- Luanna... foi o Max! – Justin gaguejou.

- O que houve!?! Mataram ele!! – Luanna adivinhava.

- Pôxa... ele, pelo que parece... foi envenenado! Algo assim... – Justin dizia, agarrado ao seu celular, dirigindo o carro pela garagem de casa.

- Oh, Deus! Foi “ele”, não foi!? – Luanna derramava lágrimas secas.

- Luanna... a gente precisa se reunir! Talvez nosso Halloween não dê mais certo! Ou talvez nosso Halloween seja a procura desse monstro!!! – Justin descia do carro, na garagem escura. Observou o lugar. Nem ao menos o cachorro latira, ou nada.

- Quando, Justin!? Preciso ver alguém! Estou confinada no quarto!! Preciso ver vocês... e você! – ela chorou.

- Amanhã a tarde!!! Se você não aparecer, eu vou aí! Resolver essa situação de uma vez!!! – ele falou. Seu coração palpitava pela escuridão que estava na garagem.

Passou pela porta de entrada, através da cozinha de sua casa. Acendeu as luzes, procurando algo que o abrisse os olhos daquela escuridão toda.

- Justin... – Luanna ainda falava. – Vou tentar sair daqui! Tenho que tentar!!! – ela repetiu o que ele disse.

- Toma cuidado aí, meu amor! – Justin falou.

- Tá... – Luanna sorriu. – Você também!! – ela falou, desligando o fone.

Justin nunca tinha a chamado de “meu amor” com tanto carinho quanto agora. Ela sorriu, esquecendo por um minuto o que acontecera à amiga.

***

A noite caiu em Oxford. O clima frio deixava a desejar o pensamento daqueles jovens curiosos. A cidade parecia saída de um filme de monstros, onde todas as famílias já compravam suas fantasias, armavam seus bailes e festas familiares. Oxford fora ornamentada com cores escuras e assombrosas. As paredes das casas eram “sujas” com asas de morcego e sangue falso. Luanna escutava os vizinhos conversarem alto. Seus pais viam um jogo de basquete na sala. Luan latia pra alguns casais que passavam na calçada da casa deles. O sábado demorava a passar. Ela se amedrontava.

Cada um daquele grupo pensava no que poderia acontecer naquele Domingo. O plano ainda estava de pé, mas a morte dos bichinhos de estimação de Luanna e Christina os fazia pensar alto. “Talvez fosse um trote” – pensava Diego. “É coisa do Jason!!” – Joey imaginava o rapaz metido do colégio rindo da cara deles.

***

Josh saiu cedo a noite. Eram sete horas quando se encontrou com Chris na frente da casa dele. Juntos foram curtir um pouco a noite em uma das boates de Oxford. Nick também apareceu, sem Jessica. Ela havia ficado junto com Christina, Britney e Jully na casa dela, se entretendo.

***

Justin deitou-se na cama dele, não quis sair de casa. De repente, cansou-se do quarto, desejando a caminha quentinha de Luanna. Olhava pro teto e pensava nela.

- Não devia tê-la deixado sozinha. E se acontecer alguma coisa a ela? Nunca vou me perdoar!!! – Justin repetia pra si mesmo.

Levantou-se e passou a rodar o quarto, de um lado para outro. Sua preocupação era perceptível. Não conseguia dormir. Ligou a TV. Procurava algum canal interessante, alguma coisa que o fizesse esquecer aquilo que o incomodava.

Quando estava quase pegando no sono, o celular tocou. No seu display tinha o nome de Luanna. Atendeu rapidamente.

- O que foi, Lu??! – ele falou, nervoso.

- Estão avisados... seu Halloween vai ser um inferno!!! – disse uma voz, amedrontando-o.

- Quem é? – Sim, Justin sabia que estava falando com o culpado.

Mas ninguém respondeu. Justin sentira aquele sentimento ruim. Preocupou-se. Por um segundo, ainda pensou.

E desligou, saindo de casa correndo, dizendo:

- Ele está na casa da Luanna!!!

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CAPÍTULO 10

Luanna tentava dormir. Rolava a cama de um lado para outro, pensando em Christina. Levantou, em direção a porta do seu quarto. Queria ter certeza que os pais já estavam dormindo. Saiu de leve no grande corredor que dava para o quarto dos pais. Eles estavam deitados na cama. Luanna encostou a porta do quarto deles, encobrindo que ela andava pela casa. Luan fazia ruídos lá fora, com frio.

Luanna observou do corredor que a porta de entrada da casa dela estava entreaberta. Percebeu que Luan roçava-se para entrar. Desceu as escadas, vagarosamente. Observou os arredores da casa. A cozinha escura a amedrontava. Qualquer ruído diferente a amedrontava. Observou a sala de estar. A tevê grande refletia na tela desligada qualquer coisa que passasse por ela. Encostou-se à porta.

Abriu devagar. Luan estava deitado ao pé do pequeno degrau que tinha na porta. Ela o acariciou, carinhosa. Colocou-o pra dentro de casa, fechando tudo e subindo as escadas rapidamente. Luan ficou no lado de baixo, próximo ao sofá.

Luanna cochilava quando percebeu ruídos de pequenas que pedras batiam na sua janela. Correu até próximo, o bastante para perceber que Justin estava em baixo, acenando. Ela desceu as escadas correndo.

Abriu a porta, procurando fazer o mínimo de barulho possível. Justin esperava fronte ao pequeno portão da casa de Luanna. Ela o abraçou, calorosamente.

- Lu... eu... – Justin suspirava. Viera correndo. Suas casas não eram muito longes, mas correra o bastante para ele suspirar mais do que falar.

- Calma, Justin... você veio correndo!!! O que houve???? – Luanna o apoiava no braço dela.

- Você... está bem!? Luanna... – ele tentava falar.

- Sim... por quê???

- Ligaram... – Justin suspirava. – Pensei... que você estivesse... em perigo!

- Por que, Justin...!? Está me assustando!!! – ela olhava nos olhos do amigo.

- Uma coisa... alguém... ligou pra mim! Uma voz...

- Ai, Deus! A voz modificada... – Luanna assustou-se.

- Daí da sua casa.

Luanna calou-se. Justin só respirava fundo. Os dois se olhavam. Luanna lacrimejou. Ela balbuciou a voz.

- Da m-minha... casa???

- Luanna... – ele tentou falar.

- Justin... eu vi... a porta aberta!!!

- Lu... vamo... – Justin foi interrompido por uma voz grossa e irritada.

- Vocês não vão a lugar nenhum! – o pai de Luanna irritou-se, ao lado da porta de entrada da casa dela.

- Pai???

- Sr. McLean... – Justin tentou falar.

- O que você faz fora do castigo, Luanna May McLean???

- Pai... estamos em perigo!!! Nós... – ela foi interrompida.

- Que perigo, Luanna!?? Entre logo em casa, vamos!!! – ele disse, muito bravo.

- Sr. McLean! Precisa nos escutar... nada aconteceu... – Justin tentava acalmar as coisas.

- Ah, não??? Então me conte o que veio fazer aqui ontem, ande!!! O que você estava fazendo aqui??? Me conte!!!

- Sr. McLean... Eu... vim acalmar a Luanna. Ela é minha melhor amiga e me chamou e...

- Ah... você chamou, né? – ele olhou pra Luanna.

- Escuta aqui, pai...

- Baixe esse tom de voz, Luanna!

- Pai... você nunca vai entender os meus sentimentos, não é? O que é que há de errado em eu pedir ajuda ao meu melhor amigo?? Estava com medo... medo de que meu quarto fosse invadido de novo. E você me dizendo que tudo não passa de capricho e tal. Pai... você nunca me escuta!! Não vê que eu cresci!?? Não sou mais uma menina estúpida se machucando a toa!? – Luanna lacrimejava diante do pai e do amigo.

Seu pai não perdeu a pose de durão.

- Entre, Luanna. E você, vá pra casa!!! – ele disse, olhando para Justin. – Amanhã nós conversaremos.

Luanna subiu correndo as escadas. Achou a chave da porta de seu quarto no chão, e pegou-a. Fechou seu quarto, de modo que estava isolada. Tentou pensar em algo que resolvesse essa situação. Enfim iria conversar com os pais, mais não dava pra passar outra noite naquele quarto, com medo de que algo acontecesse a ela. Se o pai não queria escuta-la naquele momento, ela tomaria uma atitude drástica, enquanto o tempo passava.

Pegou uma pequena sacola e colocou umas roupas, chinelos, escova de cabelo e de dente e mais outras pequenas coisas. Usou a escada que tinha na sua janela e correu para ver se ainda via Justin, enquanto seu pai batia a porta do quarto dele, zangado.

***

Josh e Chris saíam da boate, rindo. A noite estava divertida e os dois puderam descansar a mente. Nick já havia ido e eles só decidiram sair porque Jason havia chegado. Josh entrou no carro dele e Chris o acompanhou. Os dois foram em direção a casa de Chris.

Josh o esperou entrar em casa e assim, tocou o carro para a sua. Cantando uma música que passava numa estação de rádio, ele percebeu que havia um movimento diferente mais a frente. Demorou a perceber que era de um casal em “clima” encostado nos altos muros do Colégio. Ele riu, buzinando pro casal, atrapalhando o romance. Ao olhar para uma das entradas, viu Ben Williams, o estranho zelador, na porta do Colégio, observando-o andar lentamente com o carro. Josh o olhou firme. Aquela figura estranha tinha um ligeiro sorriso entre os lábios. Josh desviou o olhar de medo acelerando o carro, em direção a sua casa.

***

Luanna correu o máximo que pôde até avistar Justin andando, na rua, cabisbaixo.

- Justin... – ela gritou.

- Luanna??? – Justin olhou pra trás. Ela correu até ele. – O que faz aqui? O que seu pai te fez???

- Ai, Justin... desculpa pela cena... Sei que você não tem nada a ver com aquilo! Meu pai foi injusto com você...

- E com você também!! Desculpa... acho que estraguei tudo!!! – Justin parou de andar. Luanna também.

- Você não estragou tudo, Justin! Você foi me salvar!! De novo... – Luanna riu. – Obrigada!! – ela o abraçou.

- Onde você acha que vai com essa mochila!?? – ele notou, abraçado a amiga.

- Não sei... não queria dormir em casa hoje! Acho que vou bater na janela do quarto da Christina! A casa dela é próxima daqui!!!

- Por que não vem pra minha!? – ele sorriu.

- Ah... – ela também.

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CAPÍTULO 11

Os dois seguiram até a casa de Justin. O frio os fazia andar encostados, procurando se esquentar. Justin chegou em casa, abrindo o portão por onde saíra correndo. Acordou D. Ginnie, contou a história, mas sem falar no mistério da voz estranha. Seu pai, Paul Harless, não deu opinião, voltou a dormir. A mãe de Justin levantou-se e foi fazer chá pros dois se esquentarem. Luanna estava na sala, enquanto ela conversava com o filho.

- Ela pode dormir no meu quarto!! Eu me arranjo na sala! – Justin dizia.

- Essa confusão toda foi porque você dormiu na casa dela, no quarto dela, com ela... quer que aumente mais, meu filho?

- Mas, mãe... você ouviu! A Luanna não tem uma comunicação direta com os pais dela, assim como nós!! Eles deixam-na sempre só. Nunca a escutam!! E ela é minha melhor amiga!

- Eu sei, meu filho!!! – D. Ginnie riu. – Eu vou permitir sim que ela durma aqui! Acho errado o jeito que o pai dela a tratou. Mas ela é quem resolve esse assunto, certo!? Você não tem nada a ver com isso!!!

- Oh, mãezinha... – Justin a abraçou.

- Não dá pra negar quando se vê o brilho dos seus olhos quando você fala nela.

- Hum... – ele a beijou na bochecha.

- Você pode colocar um colchão próximo a sua cama!! – ela disse, rindo.

- Manda ver, filhão!!! – o comentário de Paul fez Justin corar.

- Paul!!! - Ginnie reclamou, voltando a dormir.

Luanna foi acomodada na cama de Justin, no seu quarto azul, pela mãe dele. Ela agradeceu-a de novo, repetidas vezes, enquanto ela saía.

- Ei, Justin... – ela falava, quebrando o silêncio naquele escuro.

- Anh...

- Cê tá dormindo??

- Você não dormiu ainda?

- Não... tô sem sono! Aqui tá escuro!!!

- Sei... – ele se levantou.

- Onde vai?! – ela perguntou.

- Ao banheiro! – ele respondeu.

Justin se levantou do colchão, calçou o chinelo por causa do chão frio, e caminhou em direção a pequena porta disfarçada de closet do seu quarto. Ali era o banheiro dele.

Luanna observava o amigo caminhar. Achava Justin lindo. Na certa ele era o mais bonito de Oxford na opinião dela. De repente, ela sentiu-se como se precisasse do corpo dele. Precisava dele pra esquenta-la, pra fazê-la ficar sem medo. Ela precisava de Justin.

- A turma se reunirá amanhã! Já pensou como resolverá com seu pai!?

- Sim... pensei... – ela sonhava acordada, sem perceber o que Justin dizia.

- Vai conversar com ele? – ele apagou a luz, olhando pra ela.

- Sim... – ela acordava dos sonhos, juntando as palavras que Justin disse. – Ele vai ter que me ouvir amanhã! Vai ser a conversa definitiva!! – ela sorriu.

Ele respondeu-lhe o sorriso, caminhando em direção ao colchão. Luanna desejou o corpo sem camisa dele de novo.

- Justin...

- Oi... – ele apagou a luz.

- Como o Max morreu? – ela perguntou.

- A Britney telefonou pra gente, avisando! Elas encontraram o coitado no quarto dela, caído, vomitando um negócio verde... gosmento! O veterinário disse que parecia ter sido comida com veneno.

- Puxa... – ela pensava. Os dois falavam baixo.

- Justin...

- Oi...

- Dorme aqui comigo! – ela precisava pedir.

- Na cama!? – ele perguntou.

- É! Assim eu fico mais segura! – ela sorriu baixinho.

- Hum... muito bem! Ok!!! – Justin levantou-se, se enfiando debaixo do lençol.

Luanna o esperou se aconchegar para o abraçar.

- Dorme... – Justin a abraçou. – Dorme, mesmo!

- Ei, Justin...

- Oi...

- Eu te adoro, sabia?

Justin quis chorar.

- Também te adoro, Lu...

E eles dormiram juntinhos aquela noite.

***

Joey acordou pensativo. Sentia algo de ruim em relação as mortes dos bichos. E o que mais lhe doía era como Christina tinha ficado triste por causa de seu filhote. Joey precisava apoia-la. E foi movido nesse sentimento que ele levantou-se da cama, pra tomar uma ducha rápida e ir a casa de Christina, procurar conforto para seus sentimentos recatados.

***

D. Ginnie deixou que Justin e Luanna dormissem mais um pouco. Aquela manhã de Domingo aparecia com cara de feriado. As pessoas faziam sobremesas entre um gole ou outro de ponche. As abóboras eram cortadas pelas mães e auxiliadas pelas crianças, tomando cuidado para não se ferir com as facas afiadas que usavam. Alegres, alguns ensaiavam o coro famoso de “gostosuras ou travessuras?”. A cidade toda entrava em clima de Halloween, assim como todo o resto dos Estados Unidos.

Logo Luanna acordou. Justin, ao seu lado, bocejava, acordando também. Ela sorriu:

- Bom dia!!!

- Bom dia! – ele abraçou-a.

Ela se levantou, caminhando até o banheiro, para escovar os dentes. Justin não levantou da cama. Estava com um pequeno short branco, de seda, sem camisa. Abriu o guarda-roupa, procurando outra roupa para vestir quando tomasse banho. Eram dez horas. D. Ginnie fazia seus afazeres na cozinha enquanto Paul lia o seu jornal matinal. Luanna saiu do banheiro, enrolada numa toalha. Justin observou-a caminhar até a mochila, tirando alguma coisa de dentro. Colocou a mão no queixo e ficou esperando-a se virar. Luanna voltou-se, dando de cara com o rosto dele, cínico.

- O que foi? – ela perguntou.

- Nada... só tô olhando, pode?

- Não... não pode. – ela voltou ao banheiro.

“A garota dos meus sonhos andando só de toalha no meu quarto...” – Justin pensou, caindo na real, longe do seu sonho malicioso. Luanna terminou o banho, saindo para Justin tomar o seu e trocar de roupas. Ela saiu do quarto do amigo, indo em direção a cozinha, para tomar café. D. Ginnie a cumprimentou, e serviu o seu café com leite.

Quando Justin juntou-se a eles, D. Ginnie comentou:

- Luanna... seu pai telefonou!!

- Hum... já esperava por isso!! Vou telefonar pra ele assim que acabar. Tenho que resolver logo essa situação!!

- Espere-o falar o que sente!!! Assim, as coisas se resolvem fácil!!!

- É exatamente o que tinha em mente! Mas ele terá que me escutar também! – Luanna riu, divertindo-se com aquela família.

***

Joey chegou a casa de Christina, sem ter o que dizer. Tocou a campainha, esperando alguém abrir a porta.

- Oi, tia Shelly! – ele cumprimentou a mãe preocupada de Christina.

- Ah, Joey! Entre, meu filho!!! – aquela senhora simpática acarinhou o cabelo de Joey, esforçando-se para alcançar a cabeça daquele alto rapaz.

- A Chris... tá melhor!? – Joey sentiu a preocupação daquela senhora.

- É... meu filho! Converse com ela!! Acho que ela não tá levando bem a morte repentina do Max!

- É... ela está no quarto!? – Joey ficou envergonhado de fazer aquela pergunta.

- Está sim... ela acha que ele foi envenenado por alguém!

- Mas e ele não foi?? – Joey fitou a mãe de Christina.

- Sim... acho que sim. Mas não de forma proposital. O veterinário explicou que as vezes eles comem coisas que engancham na garganta, e acaba virando uma infecção.  Imagina... por que alguém envenenaria um pobre cachorrinho!?? – ela tentava sorrir.

- É... boa pergunta!!! – Joey pensava. “Talvez para assustar a gente!” – ele pensava.

***

Logo que acabou de tomar café na casa dos Harless, Luanna suspirou, e telefonou para o pai.

- O que você tá fazendo na casa dele, Luanna? Você quer matar a sua mãe??? – seu pai falava. Surpreendeu Luanna pelo tom de voz, calmo, porém preocupado.

- Pai... – ela foi calma, assim como ele. – Vai me ouvir??? – enfim, perguntou.

- Posso ouvir você... olhando nos seus olhos? – ele perguntou, fazendo a filha suspirar aliviada. Temia a resposta do pai.

- Tá, pai... tô voltando pra casa.

- E eu estou esperando! – ele desligou.

Luanna encostou o telefone no peito, pensativa. Justin estava curioso ao seu lado. Olhava pra ela, pra saber qual foi a reação do pai. Ela disse:

- Vou voltar pra casa... pra resolver tudo!!!

- Ele deu a chance!? – Justin perguntou.

- Foi... – ela sorriu.

- Que ótimo... – ele abraçou-a, afoito. Olhou nos olhos dela, dizendo: – Não se esqueça de hoje a tarde!

- Tá!! Estou indo... Tia Ginnie, obrigada por tudo!!! – Luanna abraçou-a.

- Boa sorte, Luanna.

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CAPÍTULO 12

Luanna chegou em casa, suspirando. Seu pai estava sentado no sofá, esperando-a. Assim que ela entrou, sua mãe a abraçou, calorosa.

–- Muito bem, chamou a atenção que queria. Agora nos explique por que fez isso. – seu pai disse.

- Tá... – ela sentiu certa rispidez vinda do pai.

- Filha... – a sua mãe ainda a abraçava.

- Espera, mãe!! – Luanna tentou sentar-se perto dos pais, no sofá.

- Certo... comece a explicar-se!

- Bom... querem saber primeiro por que o Justin dormiu aqui, não é?

- Primeiramente... – confirmou seu pai, até então calmo.

- Certo... eu o chamei aqui porque... primeiro, ele é o meu melhor amigo; e segundo... eu estava amedrontada por estar dormindo naquele quarto revirado... entendem?

- Luanna...

- Mãe... não vê?? Eu não revirei meu quarto!!! É fácil acreditar em mim... mas o fato é que vocês não acreditaram!!!

- Não quisemos acreditar em você porque... – seu pai falava, em defesa. Luanna o interrompeu.

- Não, pai! São meus pais, tinham que acreditar em mim!!! Tinham que ver que eu já mudei... cresci... tinham que confiar em mim!!! Entende?? O Justin veio me acalmar!

- Tá... tudo bem... não acreditamos em você naquela noite! Mas você não tinha o direito de fugir de casa e nos deixar nesse estado!!

- Vamos entrar num consenso!!! Eu já sou maiorzinha! Mesmo que houvesse tido algo entre eu e o Justin, não deveriam ter feito aquele estardalhaço todo que fizeram. Foi chato pra mim, e pro Justin também!!!

- Certo... prometemos que sempre vamos está prontos para escutar você. Mas não quero saber de garotos dormindo por aqui. E... você sabe! A D. Margareth é intrometida... e fica fofocando e intrigando por aí!!

- Eu sei... eu sei... – Luanna riu. O clima melhorava crescentemente na casa. – Mas vocês não são tão caretas assim!!! – Luanna reclamou.

- Mas também não somos tão liberais!!! – seu pai a abraçou.

- Você se acostuma!!! – Luanna o abraçou forte, sorridente.

- Veremos. – e aquela briga na família simplesmente resolveu-se, de uma forma mais simples ainda: conversando.

***

Iniciava-se a tarde quando Britney se cansou do vídeo que estava vendo. Observou o dia chuvoso que iria fazer. Nem imaginava o que poderiam estar fazendo os outros meninos. Não queria sair de casa para não ter que enfrentar “problemas” caso as Black Girls aparecessem no caminho. Ela acreditava que elas eram a culpada, e não Jason, como induzia Joey. Estava amedrontada, assustada. Jason era um canalha, mal olhava pra ela. Dava em cima de todas as meninas, mas será que ele era capaz de fazer tudo isso? Britney pensava nisso várias vezes, tentando encaixar os problemas.

Aquele quarto azul claro a fazia achar que estava nas nuvens. Não dispensava uma soneca por ali quando estava preocupada ou estressada. E aquele momento da vida dela era o de mais nervoso possível. Ela não queria acreditar que Jason poderia estar fazendo esse tipo de brincadeira. Sonhava com o dia em que ele fosse da turma também. Mas as coisas iam acontecendo de modo que ela não acreditava mais nisso. Britney não aguentava pensar nisso tudo. Acabou dormindo em cima da sua cama.

***

Jully estava na casa de Diego, conversando sobre tudo o que estava acontecendo. Ela e Diego sempre andavam juntos, seja ao shopping, ao cinema, ou a qualquer lugar com a turma. Jully ia sempre no carro dele. E as ideias eram quase as mesmas. Assim como aquele medo e aquela sensação de que tudo ia ruim. E estavam com outra sensação ainda pior. As coisas estariam para piorar. Aqueles jovens se amedrontavam.

Estava deitada ao lado dele, na cama grande que ele dormia. Jully olhava pro teto enquanto Diego tinha o olhar vago. Alisava o cabelo dela com a ponta dos dedos. Diego adorava aquele cabelo negro de Jully.

- Eu não quero nem saber!!! Sei que eu tô com medo!!! – Jully disse, esfregando a colcha amarela da cama.

- Não se preocupe, pra mim isso é só uma brincadeira de muito mal gosto!!!

- Você também acha que é o Jason!?

- Jully... ele não é lá flor que se cheire!!! E está sempre rondando nossos encontros... sempre do nosso lado... sempre olhando vocês...

- É... ele é suspeito!! – Jully pensava em Britney. A amiga passava por maus bocados diante daquela paixão fulminante por Jason. – As meninas estão aflitas! Principalmente a Luanna! – Jully tentou desviar os pensamentos.

- É... – Diego parecia nem tão preocupado. – Ah... falando em Luanna, sabe o clima legal que tá rolando entre ela e o Justin?? – ele mudou de assunto, tentando esquecer aquilo que mexia com a vida deles.

- Não... quem contou essa? – Jully parecia esquecer o assunto também.

- Ah... dá pra notar, né??? – ele sorriu, maroto.

- Ah, vamos, Diego! Se desse pra notar você seria o último a saber, né? – Jully riu do jeito desajeitado do “amigo”.

- Tá... foi a Christina que contou. Mas eles não admitem!

- Claro! Pra vocês ficarem comentando??? – ela se levantou, sentando-se na cama.  Olhou pra Diego.

- Ah... é que é inevitável falar da boa vida de um amigo!!!

- Hum... – Jully desconversou.

- Sério... – Diego levantou-se, tocando a face de Jully com muito carinho.

Jully olhou pra ele, ameaçou se aproximar. Diego sentou próximo a ela, tocou com suavidade os seus cabelos. O calor do quarto fazia os batimentos cardíacos esticarem em um ritmo veloz. Diego sentia o calor do coração de Jully. Ele sempre fora apaixonado por ela, embora uma ou outra namorada aparecesse para atrapalhar o caminho. Jully só viera notar o amigo depois do fim do seu último namoro, onde Diego fizera de tudo para anima-la.

Um ruído pouco claro arranhou na janela fechada do quarto do jovem. Um barulho que os dois corações velozes não puderam escutar. Uma pedra estilhaçou o vidro da janela. Quase que num pulo, Jully caiu em cima de Diego, assuntando-se. Ela se levantou, aterrorizada. Ele também. Observaram o vidro. O buraco quebrado fazia o vento frio da tarde de Oxford invadir o quarto, num sopro violento. Diego olhou ao redor da rua.

Quem quer que tenha quebrado o vidro, já se fora. Jully procurou o que quer que tenha provocado tamanha destruição. Diego apontou para um rastro vermelho, no carpete. O rastro terminava embaixo da cama. Como uma pedra suja de sangue que rolou para debaixo da cama de Diego. Os dois abaixaram-se, temerosos. Diego puxou a pedra com um tênis. Tinha algo como se fosse um bilhete amarrado com um barbante fino, enrolado na pedra. Diego sujou as mãos de sangue ao toca-la. Os dois tremeram.

- Diego... – Jully mal conseguia falar.

- Calma, Jully! Não vai acontecer nada!!! – ele abraçava-se a ela. Jully tremia, o deixando mais aflito.

- Você... vai abrir??? – ela lacrimejou.

- Preciso saber o que tem escrito!!! – Diego desamarrou a pedra, corajoso.

Ele agarrou-se a Jully, e, juntos, foram abrindo aos poucos. Jully temia pela mensagem. A mensagem mal cheirosa e suja de sangue assustou-os.

Eu prometi. E vou cumprir!!! Logo vão está se arrependendo de terem nascido! Adivinha quem eu matei dessa vez??? Os peixes da Luanna e o cachorrinho da Christina não serão páreos pra esse. Acho melhor irem à casa dos Owen procurar pela Britney!!!

________________________________________

CAPÍTULO 13

Jully começou a chorar. Diego falou, abraçando-a.

- Isso é insano!!! Não... pode ser!!! Isso... não é real! – ele a acalentou.

- Diego...

- Calma, Jully. Acho que... antes de irmos pra casa da Brit... temos que procurar os outros!!!

- Mas e se ele... – Jully soluçava, aflita.

- Não, Jully. Não pense nisso!!! Vem comigo.

Diego e Jully deixaram o quarto. Assim que entrou no carro, pegou o celular. Deu a Jully, dizendo:

- Liga pra Britney!

Jully obedeceu, discando rapidamente os números. Apreensiva, esperou os números serem discados pelo celular. Ninguém atendia a sua chamada. Jully chorou, falando:

- Ninguém atende!!! – dizia, preocupada.

- Olha!!! – Diego apontava pra calçada. – É o Joey e a Christina!!!

Os dois amigos acenaram de fora do carro. Christina observou que Jully chorava desesperada. Logo lacrimejou, já imaginando o que seria. Diego encostou, e os dois correram para a porta do carro. Diego gritou:

- Entra aí, gente!!! Precisamos ir na polícia!!!

- O que houve!?? – Christina abraçava Jully, também chorando.

- Ai, Chris... – Jully mal conseguia falar.

Joey e Diego foram no banco da frente. Atordoados, os dois jovens escutavam a história do bilhete e o pensamento de Britney morta os deixava mais que arrasados.

***

Josh conversava tranquilo com Nick e Chris quando o seu celular tocou. Joey gritava, com voz atordoada.

- Cara... me encontra na porta da delegacia do centro de Oxford!!!

- Por que, Jo?? Peraí, cara... que houve!?

- Não tem tempo... vai lá... e chama os outros!!!

- Que foi, Joe?? – Josh deixava os dois amigos preocupados, franzindo a testa, loucos para saber o que estava acontecendo.

Joey desligou, aflito. Josh apenas observava o celular, sem ter o que dizer. Nick, já nervoso, perguntou:

- Que foi, cara?!?

- Vamo na polícia!

- Mais um assassinato de bichinhos!?? – Chris quase chora.

***

Joey, Josh, Chris, Nick, Jessica, Diego, Christina, Justin e Jully foram até a delegacia. Os policiais faziam ronda nas ruas, naquele Domingo calmo. Provavelmente mais tarde teriam mais problemas com adolescentes bêbados por causa do Halloween. Ou em suas festas esquisitas, cheias de drogas e álcool. O policial que ficava na portaria ficou aflito em ver daquele tanto de jovem com medo no rosto.

Nick foi à frente. Jessica, Jully e Christina tentavam telefonar em vão para Britney. Ninguém atendia na casa dos Owen. As três estavam preocupadas. E assim também estava Justin, pois também não conseguiram falar com Luanna. Josh deu a idéia.

- Justin!! Vamo comigo procurar a Britney e a Luanna na cidade! Os outros ficam aqui e fazem a queixa contra... sei lá o quê!

- Certo... – Justin só tinha mesmo que dizer isso.

Obedecendo a Josh, Joey reuniu-se a Nick, Chris, Diego e as garotas, e entraram na delegacia. Os policias estavam todos curiosos para saberem o que queriam aqueles jovens assustados na delegacia.

- Em que posso ser-lhes útil? – um dos policias perguntou, com um ar de ironia por trabalhar naquele Halloween.

- O senhor... é o delegado?? – Chris perguntou.

- Não! Mas tenho que saber o que é antes de passar pra ele qualquer denúncia que surgir nesse distrito.

- Então... é mesmo com você que queremos falar. Temos uma denúncia! – Nick começou a falar. Tinha o ar de mais sério de todos ali, e tinha ficado encarregado de falar, para que os policiais pudessem leva-los a sério.

O policial soltou um sorriso de satisfação, e foram a uma mesa próxima de um filtro de água. Colocando um papel na mesa, aquele policial perguntou:

- E então!? Querem denunciar algum furto? – ele continuou com um sorriso.

- Não... nós... nós estamos sendo ameaçados... por alguém!

***

Justin e Josh observavam todo e qualquer buraco das ruas ornamentadas de Oxford. Começavam a tocar alguns rocks em algumas regiões onde predominavam os jovens. Alguns colegas dos garotos acenavam, e os chamavam pra tomarem uma cerveja com eles. Justin apenas negava com a mão, enquanto Josh dirigia sem prestar atenção na concentração de jovens.

Na casa de Britney não havia ninguém. Tocaram lá algumas vezes, tentando ver se aparecia alguém que pudesse dar o paradeiro daquela que tinha sido citada num dos bilhetes maquiavélicos fedendo a sangue daquele monstro. Justin estava realmente preocupado. Aquele silêncio era aterrador.

Josh ligava o carro, tinha decidido procurar Luanna para acharem Britney juntos. Os outros ainda não tinham dado nem notícias de como estava na delegacia. No meio do caminho para a casa de Luanna, Josh e Justin se depararam com as Black Girls. Justin desceu do carro, irritado.
 
 
 

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